Efeitos biológicos das radiações ionizantes.


 

A radiação ionizante é capaz de arrancar qualquer elétron de um átomo se tiver energia maior que o de ligação dele ao átomo. O seu processo de ionização é formado a partir do par íon negativo e positivo. Quando as partículas possuem energia suficiente, são consideradas radiação ionizante e vão ionizando átomos que encontram em sua trajetória num determinado meio até perder toda a sua energia. Vale observar que também é considerado como ionizante a radiação que apresente energia maior que 10 eV.

Somente as ondas eletromagnéticas Raios X e gama são considerados radiação ionizante. Os fótons dessas radiações perdem toda energia em uma única interação com átomos. É importante ressaltar que os fótons também conseguem atravessar um meio sem interagir, dessa forma, não há material nem forma de blindar esses fótons e por esse motivo veio a necessidade de proteção radiológica que dita regras quanto ao nível de radiação que as pessoas expostas podem receber (falaremos mais à frente em proteção radiológica).

Existem fontes artificiais de radiação, como reatores nucleares, aceleradores de partículas e tubos de raios x. Também teremos as fontes naturais como os radionuclídeos e radiação cósmica.

Contaminação radioativa

Existe uma série de radionuclídeos naturais que está presente no meio ambiente desde que nosso planeta foi criado. Há também na natureza radionuclídeos que são produzidos quando partículas da radiação cósmica interagem com átomos da atmosfera. Também existe outros radionuclídeos artificialmente produzidos que estão presentes no ambiente, fazendo parte das paredes das casas, da comida e do ar, esses são resultados de testes nucleares ou de acidentes.

Falamos que há contaminação radioativa quando esses radionuclídeos artificiais estão no ambiente terrestre, como no solo, na vegetação, no mar, nos alimentos e no nosso corpo internamente e externamente.

Estágio da ação

Estágio físico: ocorre a ionização de um átomo em cerca de 10-15 s;

Estágio físico-químico: quando ocorrem as quebras das ligações químicas das moléculas que sofreram ionização, com duração de uns 10-6 s;

Estágio químico: os fragmentos da molécula se ligam a outras moléculas, com duração de poucos segundos;

Estágio biológico: pode durar dias, semanas ou até várias dezenas de anos quando surgem efeitos bioquímicos e fisiológicos com alterações morfológicas e funcionais dos órgãos

Proteção radiológica

Baseia-se em 3 princípios:

·         • da justificativa - qualquer exposição à radiação deve ser justificada de modo que o benefício supere qualquer malefício à saúde;

·         • da otimização da proteção - a proteção radiológica deve ser otimizada de forma que o número de pessoas expostas e a probabilidade de exposições que resultem em doses mantenham-se tão baixos quanto possa ser razoavelmente exequível, considerando os fatores econômicos e sociais;

·         • da limitação de dose - as doses individuais devem obedecer aos limites estabelecidos em recomendações nacionais que se baseiam em normas internacionais.

Sempre estamos expostos às radiações naturais e artificiais, principalmente quando temos que fazer exames radiológicos, médicos e odontológicos. A intensidade da radiação que recebemos é medida em unidade chamada sievert (Sv) que corresponde à dose absorvida medida em gray, multiplicada por um fator que leva em conta o tipo de radiação.

Classificação de acidentes

Os eventos são classificados em escala logarítmica, similar à escala de terremotos: de 1 a 7. Os níveis de 1 a 3 são considerados incidentes e os níveis de 4 a 7, vai depender do grau de contaminação radioativa e exposição do público e do ambiente à radiação. São considerados acidentes quando houver pelo menos uma morte causada pela radiação.

Acidente em Goiânia e suas vítimas

O acidente em Goiânia aconteceu graças a um equipamento de radioterapia que foi deixado para trás por um instituto de Radioterapia, nesse equipamento a parte de blindagem de chumbo que continha fonte de Cs137 foi violada para ser vendida em sucatas. As pessoas que entraram em contato com o Cs137 começaram a ficar muito doentes e algumas infelizmente chegaram à óbito.

A vítima mais nova foi uma criança de apenas 6 anos, onde ela entrou em contanto com o Cs137 e foi comer pão sem lavar as mãos, e pequenos fragmentos foram ingeridos, causando hemorragia interna difusa em vários órgãos, sendo os mais afetados teriam sidos os pulmões e o coração. Teve que ser enterrada em caixão de chumbo.

Outras vítimas que também vieram a morte, tiveram hemorragia generalizada de órgãos internos ou hemorragia interna generalizada com pulmões e coração aumentados ou ainda com cirrose hepática.

Outras pessoas que não vieram a óbito, mas tiveram sequelas como amputação de braço. Cientificamente não foi comprovado o aumento de câncer. Filhos e nteos dos radioacidentados não tiveram nenhuma sequela. Porém, foi observado que algumas doenças começaram a aparecer mais cedo, com a hipertensão arterial, a osteoporose e a hipertrofia da próstata, onde geralmente aparece por volta de 50 – 60 anos, foram antecipadas aos 30 – 35 anos. Doenças psicológicas também foram observadas como depressão, tabagismo e alcoolismo.

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